As relações de vizinhança nos grandes centros urbanos são
quase inexistentes. Eu mesma só tinha contato com uma técnica de enfermagem por
ter tido uma queda de pressão com ela a meu lado. Quis o destino que ela
morasse no mesmo andar e Ana socorreu naquele momento. Criou-se ali uma
aproximação mas a conversa dela estava ficando cansativa. Só sabia falar de sua
imensa alegria conjugal.
Aquilo mais parecia uma campanha de marketing. Ana vivia
enaltecendo suas relações sexuais e esnobando as qualidades e a enormidade de
seu marido. Acho que por estar sexualmente satisfeita em minha relação muito
mais amorosa do que sexual e por ser bastante reservada e muito acanhada para
falar sobre o tema, aquilo já estava me chateando e nos afastando.
Em um lindo domingo Ana estava eufórica e, pela primeira
vez, me pediu ajuda. Aguardava a chegada de duas amigas de sua cidade natal e
seu carro não “pegou”. As amigas estavam numa escola próxima fazendo prova para
um concurso público. Como meu marido trabalha aos domingos não tive desculpas e
aceitei, a contragosto mas om um sorriso no rosto, aquele encargo.
As meninas eram simpáticas e já no carro rimos muito das
“propagandas” que Ana fazia de seu marido. Eram descrições pitorescas, repletas
de trejeitos, gestos estapafúrdios, tudo para explicar o tamanho e a
performance do maridão.
Fui sequestrada para o apartamento de Ana e Mario nos
recebeu com caipirinhas deliciosas regadas a cerveja. O clima ficou festivo, ou
melhor, eufórico. Eu, como sempre acanhada, fiquei ali sentada enquanto os
quatro dançavam, brincavam e fofocavam. Até que alguém duvidou do tamanho
propagado que Ana tanto divulgava que Mario possuía. Em minutos estavam todas
nós sentadas na sala e Mario revelava sua ferramenta. Não era desproporcional,
era até bonitinha, mas em repouso já era do tamanho que meu marido alcançava em
plena ereção.
As meninas não se acanharam, aplaudiram a peça e liberadas
por Ana começaram só tocando e logo estavam beijando e chupando fazendo com que
Mario apresentasse seu tamanho máximo. Eu, mais acanhada que nunca, estava
impressionada e cada vez mais excitada com as cenas que iam se desenrolando na
minha frente, tive que fugir.
Aleguei que meu marido estava chegando e menti dizendo que
tinha que preparar a comida dele e me levantei. Mario resolveu abrir a porta e
abandonou o grupo se antecipando a mim. No corredor em direção à porta ele
pegou minha mão e sussurou em meu ouvido:
- Você também pode pegar.
Falou e guiou minha mão para sua ferramenta. Surpresa e sem
tempo para reagir me vi agarrando aquilo tudo o que me deixou impressionada por
dois motivos: minha reação que sem conseguir parar apertava e massageava aquela
imensidão sentindo-me encharcada (já estava úmida antes da fuga) e pela
desfaçatez de Mario.
Eu continuei a caminho da porta sem conseguir largar aquilo
e quando já estava de saída ele me puxou, despediu-se com dois beijinhos na
face e me roubou um beijo na boca que tentei por um segundo resistir, mas o
orgasmo me atingiu inesperadamente – minha mente fantasiava tudo aquilo dentro
de mim – e eu estremeci enquanto aquele beijo me arrebatava. Nunca gozei tão
rápido em toda minha vida. Não foi “um orgasmo”! Foi um gozinho. Mas segui para
meu apartamento relaxada, molinha e levemente trêmula.
Depois do episódio fiquei me justificando que fora efeito da
bebida enquanto minha consciência me acusava e meu corpo traduzia as mensagens
do meu subconsciente exigindo sexo, mas com o marido alheio que, conforme a
propaganda, realizava prodígios. Fiquei entre o remorso e o desejo e sabia que
era melhor nem comentar com meu marido, ele não entenderia. Fui para a cama e
tive um sono agitado.
Imaginem meu susto quando meu marido, chegando na manhã
seguinte de seu plantão, sai do banho e se joga na cama me abraçando enquanto
me fala ao ouvido:
- Já pensou em experimentar nosso vizinho pirocudo?
Fiquei vermelha e tive que me superar – o ataque é a melhor
defesa. Com a rudeza do termo chulo “pirocudo” dando voltas em minha cabeça
reagi:
- Pensei que era sua esposa e você me trata como um cafetão
falando com a sua puta. Quanto você cobraria do pirocudo para me arrombar, seu
babaca?
- Calma! O que está havendo? É que a Ana faz tanta
propaganda que fico curioso, você não?
- Você acha mesmo que o tamanho realmente importa? Acho até
que essas coisas grandes devem mesmo é machucar.
- Finalmente! Você é tão humana quanto eu. Já pensou no
assunto. Também, quem não pensaria com tanta divulgação. Por falar nisso parece
que eles hoje estão fazendo uma festa. E você... Você nem foi convidada.
Desarmei, ri da atitude dele e resolvi minimizar.
- Fui sim!
Contei a ele o início da história parando antes da parte
“clube das mulheres”. O assunto continuou, para minha tortura, a girar em torno
do pirocudo e suas divulgadas performances. Meu marido imitava a Ana me fazendo
rir. Ele contava histórias inventadas com vozes e trejeitos. Por dentro eu
estava vivendo uma revolução de pensamentos e sensações.
Não consegui retribuir aos desejos que as carícias de meu
marido revelavam. Fugi. Não poderia fazer amor com meu marido com outro homem
na cabeça. Uma nova noite de sono certamente iria sanar toda essa confusão.
Fim de tarde desta mesma segunda-feira, chegava do trabalho
para uma noite solitária – meu marido tinha plantão noturno das 19h às 7h da
manhã e Ana, o carro ainda com defeito, me esperava para levar as amigas ao
aeroporto. Ana seguia calada enquanto suas amigas confirmavam as propagandas.
Depois de despachá-las Ana finalmente se abriu. Bebera demais e, alcoolizada,
emprestara seu garanhão as amigas e estava arrependida, “puta da vida” e
condenada a nem poder reclamar já que ela permitiu, estimulou e participou de
tudo, se pelo menos tivesse sido apenas ela, sua vizinha e amiga que guardaria
segredos... O pior, segundo ela, é que o marido deu conta das três.
Ela, aos poucos, voltava ao normal e logo estava contando
com aquele seu jeitinho peculiar tudo que acontecera e, desta vez, eu
visualizava cada ato e minhas mãos sentiam um vazio com a finura do volante. O
“pirocão” do “pirocudo” me impressionara e as explanações estavam me deixando
sedenta por sexo.
Deixei-a em seu apartamento e fui tomar um banho para
aliviar minha tensão. Enquanto tirava a roupa decidi pegar pelo menos um
“brinquedinho” para ajudar no alívio das tensões e assim que voltei ao banheiro
a campainha tocou. Era a chata da Ana, só podia ser, decidi atendê-la nua para
constrangê-la. Escancarei a porta com meu mais sínico sorriso.
Era o Mario que se sentiu convidado, entrou, me tomou nos
braços, me ergueu em seu colo enquanto nos beijávamos. Não sei como ele
conseguiu, mas senti aquela enormidade em crescimento entre minhas coxas e logo
ele estava dentro de mim me fazendo gozar só com a preenchedora penetração. Eu
tinha, mas não queria parar. Com minhas pernas abraçando a cintura dele ficou
fácil para ele completar uma total penetração e lá estava eu gozando novamente.
Ele conseguiu deitar, sustentar meu corpo no alto e assim
conseguiu alojar-se total e confortavelmente dentro de mim, sem qualquer
desconforto só aquela
imensa sensação de preenchimento, deliciosa sensação. Passou, então, a
fustigar-me com sua enormidade, numa indescritível velocidade, arrancando
gemidos, sorrisos e sucessivos gozos que provocavam devaneios mentais. Naqueles
poucos minutos estava eu experimentando prazeres nunca desfrutados em toda
minha vida sexual.
Não havíamos trocado palavras, só beijos e carícias,
murmúrios, gemidos e sussurros de prazer. O cheiro do sexo se espalhava por
toda minha sala, forte e excitante. Naquele momento não existiam marido,
casamento, vizinha, nada existia além do delicioso e desnorteante embate que
estavam me levando a um estado de excitação sem paralelos, eu gozava seguidamente
e meu corpo ansiava, insatisfeito, por mais ainda. Parecia que havia em todo
prazer que estava experimentando o prelúdio de algo maior, mais forte, mais
pleno, exuberante.
E o exuberante aconteceu. O novo e inesperado orgasmo
levou-me a um estado convulsivo com uma agonia e incontroláveis contrações por
todo corpo. Eu era um só arrepio. Sentia meus lábios arrepiados, loucura! Meus
seios estavam sem auréolas e os bicos doíam de tão intumescidos. Meu grelinho,
duro e inchado, parecia que ia explodir. O tremor tomava conta de meu corpo
como se eu estivesse experimentando câimbras por toda parte. Cada nova, e agora
lenta, penetração fustigava ansiedade e mais reflexos corporais. Meu corpo
parecia querer fugir daquele assédio pelos movimentos convulsivos que
apresentava mas o meu eu esperava o clímax que se anunciava já com estrelas
explodindo em minhas nebulosas visões. A respiração estava contida e eu
experimentava a falta de ar de um afogado. Um grito incomensurável estava
travado em minha garganta pela ausência de respiração. Eu era inteira
sensações, sentia como em câmara lenta o atrito daquele divino membro forçando
a mucosa de minha mais do que lubrificada vagina.
Assim, com a percepção altamente aguçada, senti o calor e a
vibração da ejaculação de Mario e, para minha vergonha e aumentando meu prazer,
eliminei gazes escandalosos e reticentes pois meu cuzinho piscava em contrações
incontroláveis e em seguida, também intermitente e inexplicável, escaparam de
mim jatos de urina e nem assim o gozo arrefecia.
Lento como se instalou o orgasmo foi aos poucos me
abandonando levando consigo todas as minhas forças e mais uma vez me vi
constrangida pois ele deixou seu membro escapar e eu me vi ejaculando
inicialmente minha própria lubrificação e logo o esperma que se acumulara na
vagina escorria para o corpo daquele inigualável macho que me beijava e
agradecia suavizando todo meu transtorno e acanhamento com tão inexplicáveis
episódios.
Esgotada, sem forças a não ser para sorrir para Mario, fui
transportada até o banheiro, banhada e enxuta entre mil carícias enquanto
recebia agradecimento, notícias e um pedido:
- Vim agradecer seu carinho e companheirismo com Ana. Ela me
disse que estava arrependida da noite passada e que se estivesse sóbria só me
dividiria com você. Ao chegar ficou radiante, recebeu um telegrama, foi
contratada para um novo emprego onde vai dar plantões, como seu marido, aos
domingos. Eu sou um homem fiel, mas infelizmente a Ana sozinha, com seus
plantões, não consegue me satisfazer. Por isso resolvi casar novamente.
Mario se ajoelha aos meus pés, me estende numa linda caixa
de veludo aberta, nela um deslumbrante solitário e eu estremeço enquanto ouço
suas deliciosas palavras:
- Aceita ser minha esposa domingueira a partir de hoje?
Fiquei sem ação ou palavras e ele ansioso completa:
- Aceite e serei o mais feliz dos homens e teremos já neste
domingo nossa lua de mel.
Como recusar? Quem no meu lugar recusaria? Um novo marido
para fugir da rotina do casamento, só com a parte boa de um casamento e só aos
domingos! Sendo um segundo marido seria traição ao meu primeiro marido, safada
me convenci que não e aceitei a proposta.
Nos beijamos e ele, dizendo querer me deixar ansiosa pela Lua
de Mel, entregou meu “brinquedinho” e me deixou na saudade já aflita pela
chegada do domingo.
Só que não esperem que eu conte mais nada. Sou
tradicionalmente acanhada e não gosto de falar de minhas relações conjugais – e
a partir do próximo domingo minha relação com o Mario passará a ser conjugal.
Não esqueçam que a propaganda se mostrou muito perigosa a um
relacionamento de marido e mulher. Eu não vou repetir os erros de Ana e vou
convencê-la a parar de divulgar o marido dela (nosso marido, apesar dela não
saber). Vocês imaginem as nossas peripécias neste domingo e divirtam-se.
....................... Borges C. (Toca de Lobo)
O Contador de Contos
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